Quando falamos ou ouvimos falar em criptomoedas. Obviamente a primeira palavra que associamos é BITCOIN. Porque será?
Por várias razões, dentre elas:
Ter sido a primeira e a que abriu o caminho a este novo tipo de criptoativo
Ter um histórico de cerca de 13 anos
Ser considerada a Moeda Rainha das Criptomoedas
Ser a que sozinha representa entre 30% a 50% de toda capitalização de mercado dos mais de 21.000 Criptoativos existentes
Ser considerada de forma polémica por muitos uma Reserva de valor e/ou Ouro Digital
Então quando queremos transmitir o que é a BITCOIN temos de facto que abranger vários aspetos significativos associados à mesma, pelo que irei desenvolver aqueles que considero merecerem maior destaque e tentando não ser demasiado técnico e/ou detalhado.
Assim irei, da forma mais breve possível, falar-vos de:
Qual o conceito e fundamentos da Bitcoin e quem foi Satoshi Nakamoto
O que é o Whitepaper da Bitcoin e qual a sua importância
O que é o evento do Halving e qual a sua importância histórica para a evolução da Bitcoin
O que são os centros de Mineração e qual o papel do Minerador
A importância dos 21 Milhões de Unidades de Bitcoin
A Bitcoin aparece nos finais de 2008, logo a seguir a eclodir a crise do Sub-Prime nos EUA que acabou por arrastar todas as Economias Mundiais num efeito de Avalanche, surpreendendo a comunidade criptográfica com o aparecimento dum texto em que Satoshi Nakamoto descreve um novo sistema de dinheiro eletrónico totalmente peer-to-peer, ou ponto-a-opnto sem necessidade da intervenção de terceiros.
Satoshi Nakamoto revela-se um dos segredos mais bem guardados da história, uma vez que se trata do pseudónimo da pessoa (ou conjunto de pessoas) que esteve na génese do projeto da Bitcoin, sem nunca até aos dias de hoje e apesar de várias especulações ao longo dos anos, se ter conseguido descobrir a sua identidade, não se sabendo se se trata dum Homem ou duma Mulher (ou dum conjunto de pessoas), Matemático, Informático, Programador.
Foi ele que assinou o Whitepaper da Bitcoin, ou como lhe gosto de chamar a “Bíblia” da Bitcoin em que todos os seus conceitos e fundamentos únicos aparecem descritos de forma sucinta num documento de 8 páginas (+1 de Referências), que veio a estar na base de toda esta revolução a que temos assistido desde aí até aos dias de hoje, revelando sem dúvida uma nova forma de entender e olhar a Economia a Nível Mundial.
(Para ter acesso ao Whitepaper da Bitcoin, poderá clicar neste LINK e descarregar o documento em PDF).
Sendo a frase de abertura deste importante documento, tão reveladora dos seus fundamentos Bitcoin: A Peer-to-Peer Electronic Cash System ou em Português, Bitcoin: um sistema de dinheiro eletrónico ponto a ponto
Vale a pena termos claro o que aqui aparece descrito e resumido através dum exemplo que vou tentar seja bem explicativo:
Supunhamos que vamos a um Restaurante e chega a altura de pagar a conta, se pagarmos em “dinheiro vivo” ou dinheiro FIAT para sermos mais corretos, essa operação é totalmente anónima uma vez que o dinheiro passa da nossa mão para a mão do dono do restaurante, por exemplo, e não sabemos donde veio esse dinheiro, nem nenhuma das partes se teve que identificar perante a outra.
Já numa compra à distância isso não acontece. Por exemplo se eu quiser comprar um produto que está disponível noutro País, vamos ter muito provavelmente pelo menos 3 intermediários: O Nosso Banco, a Visa (neste exemplo) e o Banco do fornecedor do bem que estou a adquirir. Isso significa que existirão vários custos associados com esta Transação.
No caso duma compra efetuada com Bitcoin por exemplo, ao mesmo fornecedor desse outro País, conseguimos o melhor destes dois mundos e passo a explicar:
O Pagamento é feito Pessoa-a-Pessoa (Peer-to-Peer ou P2P como se vê por vezes referido nalguns locais), tal como no caso do pagamento local daquele almoço no Restaurante, não existindo, portanto, intermediários pelo meio, nem os respetivos custos associados;
O Pagamento, NÃO SENDO ANÓNIMO, garante a privacidade das partes, sendo no entanto toda a operação passível de ser rastreada/auditada, uma vez que todos os dados estão registados de forma imutável e para toda a vida na Blockchain da Bitcoin (no caso aqui referido).
Falando de Bitcoin existe um evento que tem que ser revelado e que está na base de toda a remuneração dos mineradores e disponibilidade (Supply) de Bitcoin. Trata-se do Halving que nitidamente é “O EVENTO” do mercado cripto e como tal merece toda a atenção uma vez que engloba vários conceitos subjacentes importantes de serem entendidos.
Aqui vamos ter que fazer umas contas muito básicas (não se assuste com a Matemática 😊) que nos ajudarão a entender duma vez por todas vários dos números que são falados quando falamos de Bitcoin e muitas vezes sem os entendermos nem conhecermos o porquê dos mesmos.
Sem desenvolver neste artigo ainda o que é a BLOCKCHAIN (desenvolvido em outro artigo denominado “O QUE É A BLOCKCHAIN”) fiquemo-nos pelo conceito básico de que se trata duma cadeia de blocos que vai crescendo, adicionando-se mais um e outro bloco a esta cadeia a cada vez que determinado Minerador, Minera um novo Bloco de Bitcoin.
Cada Bloco para ser minerado leva cerca de 10 Minutos (uma transação cerca de 7 Segundos, no entanto um Bloco aglutina várias transações – no artigo “O QUE É A BLOCKCHAIN” esta temática é explicada de forma mais completa).
Sendo assim em 1hora teremos em média 6 Blocos Minerados e em 1 dia, 6 x 24 Blocos, ou seja 144 blocos em média o que nos da um valor anual de 365 x 144 Blocos, isto é 52.560 Blocos.
Regista este valor que vai ser im portante para chegarmos a outras conclusões importantes mais à frente:
EM MÉDIA, EM 1 ANO TEMOS 52.560 BLOCOS DE BITCOIN MINERADOS
O famoso Halving ocorrer de 210.000 Blocos em 210.000 Blocos pelo que se dividirmos este valor pelo valor anterior se conclui facilmente que o mesmo ocorrer, de forma aproximada de 4 em 4 anos (este valor de 4 em 4 anos é muitas vezes referido em artigos, vídeos etc, sem nunca se entender porquê, mas aqui fica a explicação 😉)
210.000 / 52.560 = 3,995 Anos ou arredondando podemos falar em 4 ANOS
E porque é que esta explicação é importante?
Porque a cada Halving a remuneração do Minerador diminui para 50% do valor que lhe era pago no ciclo anterior, bem como o fornecimento de novas Bitcoins para o Mercado.
Para completarmos os dados necessários às próximas conclusões, devemos revelar que a última Bitcoin será minerada por volta de 2140, atingindo-se o seu fornecimento máximo (Maximum Supply) de 21 Milhões de unidades.
Então, no primeiro ciclo que terminou na data do primeiro Halving a 28/ 11/2012 a remuneração da Bitcoins ao Minerador, por cada Bloco minerado era de 50 Bitcoins até ao Bloco 210.000.
Fazendo novamente uma contas básicas, conclui-se que o fornecimento neste ciclo foi de 210.000 x 50 = 10,5 Milhões de Unidades, ou seja 50% do fornecimento máximo de Bitcoin.
No ciclo seguinte e a partir da data do 1º Halving a 28 / 11/2012 a remuneração do Minerador é cortada em 50% para 25 Bitcoins por Bloco Minerado, o que ocorreu nos 210.000 Blocos seguintes ou seja, entre o Bloco 210.000 até ao Bloco 420.000. fornecendo mais 210.000 x 25 Bitcoins ao Mercado neste ciclo de 4 anos, ou seja mais 5,25 Milhões de Unidades.
Para não me tornar repetitivo facilmente se percebe que nesse ciclo até ao bloco 630.000 a remuneração ao ser reduzida em 50% do ciclo anterior (agora 12,5 Bitcoins por Bloco Minerado), foram fornecidos ao Mercado mais 2, 625 Milhões de Unidades até ao Halving de / /2021 e que no momento em que vos escrevo este artigo, o Minerador está a ser remunerados 6,25 Bitcoins por Bloco Minerado, o que acontecerá até ao Bloco 840.000 o que acontecerá aproximadamente em / /2024.
Se repararmos na imagem abaixo, facilmente se percebe que mais do que apenas cálculos, como os acima explanados, este Evento tem vindo historicamente a ter forte impacto na evolução da cotação deste ativo, havendo quem tente perceber face à distância em dias do próximo halving em que parte do ciclo nos podemos encontrar de modo a identificar os Bearmarkets e os Bullmarkets, bem como outras tendências, sempre baseados nos dados históricos e sem capacidade de adivinhar o futuro. No entanto são indicadores a que vale a pena estar atento.
Mas afinal o que é Minerar Bitcoin?
Tanto se fala em Mineração e Mineradores, mas afinal o que são eles e como tudo isto funciona?
Tratando-se duma criptomoeda com um algoritmo de consenso basado em Proof-of-Work ou Prova de trabalho, é necessário um elevado investimento para atualmente conseguir Minerar Bitcoin.
Assim como o Minerador de metais preciosos ou diamantes necessita de investir em equipamentos e o processo da descoberta do bem precioso nem sempre acontece, não está ao alcance de todos e cada vez a operação é mais difícil. Também ao nível da Bitcoin se passa o mesmo, isto é, cada vez é maior a necessidade de investimento em equipamentos e energia (já lá vai o tempo em que o comum mortal com um computador em casa conseguia minerar bitcoin) para tentar ser bem sucedido e ser o “escolhido” a ter a sorte de minerar a próxima Bitcoin.
No artigo “O QUE É A BLOCKCHAIN” explica-se em maior detalhe todo este processo mas basicamente a mineração de Bitcoin é a responsável por colocar mais criptomoedas em circulação no mercado e este nome é dado ao processo de validação e inclusão de novas transações na blockchain que podemos de forma simples traduzir, como sendo um grande banco de dados público que regista o histórico de movimentações dos utilizadores desta rede. Como resultado desse trabalho novas Bitcoins são criadas.
No artigo acima citado em que é detalhado todo o processo da Blockchain, bloco a bloco, entender-se-á de forma mais simples através do exemplo dado dum comboio com o seus vagões de carga, como todo este processo se desenvolve.
Dada a quantidade crescente de pessoas interessadas em minerar Bitcoin e havendo altissimos investimentos em Fábricas de Mineração como se de enormes Data Centers se tratasse, mais difícil se torna a mineração de um Bloco de Bitcoin, havendo uma “corrida ao ouro” no sentido de ver quem consegue minerar o próximo bloco e por isso ser remunerado em quantidade de Bitcoins, conforme referido acima.
Junto uma foto de um equipamento de Mineração que abunda nas chamadas Minas de Mineração de Bitcoin
E esta foto dum centro de mineração de Bitcoin
É importante realçar que num estudo revelado pela STATISTICA (ver e talvez alterar o custo de produção de uma Bitcoin excede largamente a sua cotação em períodos como os vividos no Verão de 2022 com a Bitcoin a rondar os $20K ou mesmo valores inferiores, sendo que em Portugal o custo de obtenção de 1 Bitcoin está ligeiramente acima dos $44K ($44.208).
Para finalizar esta “corrida ao ouro” do século XXI tem uma outra variável que promove uma corrida contra o tempo e que passo a explicar.
Conforme já referido o Fornecimento Máximo (Maximum Supply) de Bitcoin são 21 Milhões de Unidades e nem mais uma. Sendo assim e após a explicação Matemática no início deste artigo facilmente se percebe que cerca de 19 destes 21 Milhões já foram minerados sendo que portanto, grosso modo, ficam a falta apenas 3 Milhões de Unidades de Bitcoin por Minerar.
Essa é também uma das razões que torna este ativo tão interessante aos olhos de muitos, uma vez que a componente de desinflação na disponibilidade deste ativo (ao contrário da Moeda FIAT que é impressa pelos Bancos Centrais de cada País ou região a uma velocidade impressionante com vista – segundo eles – a combater por exemplo a inflação, o que se tem vindo a demonstrar ser algo falacioso), leva a que o seu valor tenha tendência de valorizar cada vez mais (ao contrário também da moeda fiduciária que como sabemos tem vindo a perder muito do seu valor ao longo dos anos) e daí surgir a afirmação de que Bitcoin é de facto uma Reserva de Valor